Esta terminologia diz respeito a todos os cancros localizados na região da cabeça e pescoço, nomeadamente no lábio; boca; garganta; laringe; nariz; ouvido; tiroide e glândulas salivares.
O cancro da cabeça e pescoço é o 6º cancro mais comum no mundo.
As principais causas são o tabaco e o álcool.
O risco está directamente relacionado com a quantidade e duração da exposição.
A utilização de cachimbo e de tabaco sem filtro está associada a um aumento desse risco.
A associação entre álcool e tabaco é exponencial: o risco pode chegar a ser 300x superior quando comparado com pessoas que não fumam e não bebem álcool. Estima-se que cerca de 65% – 80% dos tumores da boca e da faringe sejam atribuídos a estes dois consumos.
Outros factores de risco associados:
– virus da papiloma humano (HPV), particularmente associada ao cancro localizado na base da língua e amígdalas. Existem ainda outros vírus associados com outros tipos específicos de cancros, como é o caso do vírus Epstein-Barr que está associado com o cancro da nasofaringe;
– má higiene oral e uso de elixires orais com alto conteúdo alcoólico;
– exposição solar;
– exposição profissional a agentes tóxicos, como é exemplo o pó de madeira, asbestos, fibras sintéticas, formaldeido, etc…;
– exposição a radiação; quer seja por proximidade com locais onde tenham ocorrido acidentes nucleares ou ter realizado no seu passado radiação para tratamento de alguma doença;
– o consumo de algumas comidas preservadas ou salgadas é um factor de risco para cancro orofaríngeo;
– mastigar folhas de noz de bétele (um hábito muito frequente no Sudeste Asiático).
Este tipo de tumores aparecem maioritariamente em indivíduos com mais de 40 anos, embora cada vez mais, se verifique em pessoas mais jovens.
Os sinais/sintomas de alerta que devem motivar a ida ao médico são:
– um nódulo/gânglio aumentado no pescoço;
– uma rouquidão que se mantém por mais de 15 dias;
– uma ferida/úlcera no lábio, boca ou língua;
– saída de sangue pela boca ou nariz;
– dor ou dificuldade a engolir persistente;
– aparecimento de novos sinais ou alteração de sinais antigos na pele.
No caso de apresentar algum destes sinais e sintomas deverá recorrer ao seu médico otorrinolaringologista, para a realização de um exame completo e esclarecer quaisquer dúvidas existentes.
A identificação destes sinais atempadamente possibilita um diagnóstico precoce com impacto na mortalidade e na cura da doença.
O cancro da cabeça e do pescoço é curável se detectados precocemente, sendo que os tratamentos podem passar por cirurgia, quimioterapia e/ou radioterapia consoante o tipo de tumor e gravidade do mesmo.
HPV, é uma sigla que quer dizer Human Papillomavirus, que traduzindo para português toma a designação de Vírus do Papiloma Humano. Na realidade não é um vírus, mas sim um conjunto de mais de 200 vírus, alguns dos quais têm como via de disseminação o sexo vaginal, anal e oral. Dentro dos vírus de transmissão sexual, podemos subdividi-los em 2 grupos: os de baixo risco, que na maioria dos casos não causam sintomas ou provocam papilomas; e os de alto risco, que podem ser causadores de alguns cancros malignos.
A transmissão pode ser atráves de sexo vaginal, anal e oral, mas também através de contacto intímo pele-a-pele. O uso de preservativo reduz o risco de infecção, mas não totalmente.
Devemos ter em consideração que a infecção pelo HPV é praticamente universal… quase todas as pessoas sexualmente activas ficam infectadas por estes vírus assim que iniciam a sua vida sexual, sendo que cerca de 50% destas infecções são com vírus de alto risco. No entanto, na grande maioria das situações, o nosso sistema imunitário é capaz de controlar estas infecções, evitando o desenvolvimento de cancro. O cancro surge, quando o nosso organismo perde este controlo e com o passar do tempo pode levar ao desenvolvimento de cancro.
Os cancros mais associados ocorrem na orofaringe, onde se inclui a base da língua, palato mole e as amígdalas. Outros locais são o colo do útero, pénis, vagina, vulva, ânus e recto.
De salientar que a infecção por HPV de alto-risco não causa sintomas, apenas a presença de lesões pré-malignas ou mesmo malignas podem dar queixas, como seja uma ferida/úlcera no palato mole ou nas amígdalas ou a presença de um nódulo/gânglio aumentado no pescoço.
Não há forma de tratar a infecção assintomática. Perante a presença de uma lesão, tratamento será a cirurgia, e varia consoante estejamos perante um papiloma, lesão pré-maligna ou maligna.
Presentemente, o rastreio apenas está indicado para o colo do útero.
Actualmente, é possível prevenir estas infecções recorrendo à vacinação, que já está incluída no Programa Nacional de Vacinação Português.