Amigdalite é uma inflamação das amígdalas, que na maioria das vezes é provocada por uma infeção viral, sendo menos frequentemente de causa bacteriana. Apesar de ser mais prevalente na idade pediátrica, também afeta adultos, com igual probabilidade de aparecimento em ambos os sexos.
Os sintomas mais frequentemente associados são a dor na cavidade oral ou ouvidos, dificuldade em deglutir, febre, mau estar geral e gânglios aumentados no pescoço. À observação temos um aumento das amígdalas, muitas vezes muito inflamadas/vermelhas e com presença de pontos brancos na sua superfície.
A presença de sintomas como a dificuldade em respirar, a dificuldade em abrir a boca e a presença de uma tumefação no pescoço deverão motivar uma ida à urgência. Estes sintomas podem estar associados à presença de abcessos na cavidade oral ou no pescoço, complicações graves de uma amigdalite e que necessitam de uma intervenção urgente.
Uma amigdalite é uma doença contagiosa, pelo que, quando tossir ou espirrar, deve fazê-lo para um papel ou para a face interna do cotovelo, e não para as mãos. Deve lavar as mãos com regularidade e usar máscaras para evitar contágio com outras pessoas, particularmente se estiver na presença de crianças e/ou pessoas com o sistema imunitário diminuído.
Se se tratar de uma infeção viral, o tratamento é dirigido aos sintomas, recorrendo a anti-inflamatórios, antipiréticos e analgésicos. Se a infeção for bacteriana, o tratamento deverá ser feito através da toma de antibiótico. A cirurgia de remoção das amígdalas, designada por amigdalectomia, está reservada para os casos em que as amigdalites bacterianas acontecem com muita frequência ou quando existem complicações associadas a essas infeções, nomeadamente complicações cardíacas, renais ou existência de abcessos prévios.
HPV, é uma sigla que quer dizer Human Papillomavirus, que traduzindo para português toma a designação de Vírus do Papiloma Humano. Na realidade não é um vírus, mas sim um conjunto de mais de 200 vírus, alguns dos quais têm como via de disseminação o sexo vaginal, anal e oral. Dentro dos vírus de transmissão sexual, podemos subdividi-los em 2 grupos: os de baixo risco, que na maioria dos casos não causam sintomas ou provocam papilomas; e os de alto risco, que podem ser causadores de alguns cancros malignos.
A transmissão pode ser atráves de sexo vaginal, anal e oral, mas também através de contacto intímo pele-a-pele. O uso de preservativo reduz o risco de infecção, mas não totalmente.
Devemos ter em consideração que a infecção pelo HPV é praticamente universal… quase todas as pessoas sexualmente activas ficam infectadas por estes vírus assim que iniciam a sua vida sexual, sendo que cerca de 50% destas infecções são com vírus de alto risco. No entanto, na grande maioria das situações, o nosso sistema imunitário é capaz de controlar estas infecções, evitando o desenvolvimento de cancro. O cancro surge, quando o nosso organismo perde este controlo e com o passar do tempo pode levar ao desenvolvimento de cancro.
Os cancros mais associados ocorrem na orofaringe, onde se inclui a base da língua, palato mole e as amígdalas. Outros locais são o colo do útero, pénis, vagina, vulva, ânus e recto.
De salientar que a infecção por HPV de alto-risco não causa sintomas, apenas a presença de lesões pré-malignas ou mesmo malignas podem dar queixas, como seja uma ferida/úlcera no palato mole ou nas amígdalas ou a presença de um nódulo/gânglio aumentado no pescoço.
Não há forma de tratar a infecção assintomática. Perante a presença de uma lesão, tratamento será a cirurgia, e varia consoante estejamos perante um papiloma, lesão pré-maligna ou maligna.
Presentemente, o rastreio apenas está indicado para o colo do útero.
Actualmente, é possível prevenir estas infecções recorrendo à vacinação, que já está incluída no Programa Nacional de Vacinação Português.
Nariz entupido, é o termo habitualmente usado para descrever o sintoma de obstrução nasal, e está relacionado com a sensação de bloqueio da passagem de ar no nariz ou cavidades nasais.
As principais causas são:
– alterações da anatomia do nariz (aumento dos cornetos; desvio do septo nasal; aumento dos adenoides, malformações congénitas, entre outros);
– alterações da função do nariz (rinite alérgica; sinusite crónica);
– presença de corpos estranhos no nariz;
A avaliação da situação por um otorrino permite estudar de forma detalhada a anatomia do nariz e das estruturas em redor. A observação do interior no nariz, com recurso a uma endoscopia, associada a exames complementares como sejam a TAC ou testes alérgicos permite caracterizar o problema e estabelecer um plano de intervenção.
O tratamento da obstrução nasal pode ser farmacológico e/ou cirúrgico. O primeiro pode incluir o uso de medicamentos como sejam os corticoides nasais ou anti-histaminicos. Quanto à cirurgia o tratamento será dirigido à correcção das alterações/deformações anatómicas.
O termo sinusite, ou mais correctamente, rinossinusite, utiliza-se quando existe uma inflamação do nariz e dos seios perinasais (espaços ocos em redor do nariz). Pode ser considerada aguda ou crónica, consoante a sua duração seja inferior ou superior a 12 semanas, respectivamente.
Para o seu diagnóstico têm de estar presentes pelo menos 2 dos seguintes sintomas:
– obstrução/congestão nasal;
– corrimento nasal anterior ou posterior;
– dor facial ou sensação de pressão na região dos seios perinasais;
– diminuição do olfacto;
– tosse (somente no caso das crianças).
Para confirmar o diagnostico é ainda necessário realizar uma avaliação complementar com endoscopia nasal ou uma tomografia computorizada (TAC) para avaliar a presença de pólipos, secreções no interior do nariz e seios perinasais ou congestão nasal, entre outros.
No contexto de uma rinossinusite aguda a utilização de antibióticos é muitas vezes excessiva, estimando-se que seja necessário em menos de 2% dos casos.
Assim, a utilização de antibiótico poderá ser ponderado quando estão presentes três dos seguintes factores:
– presença de febre;
– uma evolução da doença atípica, ou seja, um agravamento das queixas aquando de uma evolução favorável da doença;
– queixas unilaterais,
– dor severa;
– alterações nas análises sugestivas de infecção.
No caso da rinossinusite crónica, o tratamento assenta na utilização de corticoides nasais e nas lavagens nasais com soluções isotónicas.
A cirurgia tem um papel essencial no controlo da doença que não responde à terapêutica médica.
É uma inflamação do nariz, estimando-se que atinja cerca de 30% da população, podendo originar obstrução da respiração nasal, corrimento nasal para a frente ou para trás, espirros e comichão no nariz ou olhos.
Pode ter várias causas, as principais são:
– Infecciosa – normalmente de curta duração, auto-limitada e provocada por um vírus;
– Alérgica – resultante da inalação de um alergeno (substância estranha ao organismo) em indivíduos susceptíveis;
– Provocada por medicamentos;
– Associada ao envelhecimento – afecta cerca de 30% das pessoas com mais de 65 anos e caracteriza-se pela presença de corrimento nasal, límpido, tipo água;
– Associada à gravidez;
– Ocupacional – associada a exposição a agentes no local de trabalho;
– Gustatória – consiste na presença de corrimento nasal tipo agua após a ingestão de comida picante ou quente;
O tratamento consiste em evitar os agentes que desencadeiam as crises de sintomas e na toma de medicamento específicos para cada um dos subtipos de rinite. A presença de estruturas aumentadas no nariz, um desvio do septo nasal ou a presença de pólipos nasais, entre outros, podem condicionar o recurso à cirurgia, de forma a optimizar os resultados terapêuticos.
Hemorragia nasal, ou epistaxis, é uma queixa relativamente frequente nas consultas de Otorrinolaringologia e no contexto da Urgência Hospitalar. A sua ocorrência deve-se ao facto de o nariz ter no seu interior uma mucosa extremamente rica em vasos sanguíneos, muito frágeis, e que podem ser facilmente lesados aquando de pequenos traumas ou manipulações. Na maioria das vezes é uma hemorragia auto-limitada e de pequena quantidade. Somente em casos muito raros é que essa hemorragia pode colocar em causa a vida do paciente.
Os factores de risco para uma hemorragia nasal são:
– Climas quentes e secos, que tornem a mucosa do nariz mais frágil;
– Presença de desvios do septo nasal, que causem alterações dos fluxos de ar;
– Rinite alérgica;
– Exposição a químicos (tabaco; gasolina);
– Presença de doenças como sejam alterações da coagulação; hipertensão arterial, ou tomar medicamentos anti-coagulantes e anti-agregantes;
– Manter a calma;
– Ficar de preferência em pé ou sentado, com a cabeça numa posição acima do coração;
– Inclinar a cabeça ligeiramente para a frente e respirar pela boca;
– Com o polegar e o dedo indicador pressionar ambas as narinas por cerca de 5 – 10 minutos;
– Colocar um cubo de gelo na boca e com a língua empurrá-lo para o palato (comummente designado por “céu da boca”).
Estas manobras devem ser mantidas até que a hemorragia pare.
Se mantiver este procedimento e a hemorragia não diminuir ao fim de alguns minutos, deve procurar ajuda médica.
É importante recorrer à consulta de Otorrinolaringologia para que se consiga identificar o local exato da hemorragia, de forma a resolvê-la definitivamente. Se as hemorragias nasais se tornarem muito frequentes e se estiverem associados a corrimento nasal com cheiro fétido, a uma obstrução nasal de novo ou ainda ao aparecimento de massas ou tumefações no pescoço, é imperativo excluir a presença corpos estranhos ou tumores.